Grêmio empata com o Galo e se torna o maior campeão da Copa do Brasil

Jogadores do Grêmio erguem a taça da Copa Brasil 2016 após o empate por 1 a 1 Atlético- MG, em partida realizada na Arena Grêmio, em Porto Alegre, nesta quarta-feira (7). Foto: Heuler Andrey/Dia Esportivo/Estadão Conteúdo

O troféu marca o fim de um jejum de 15 anos do tricolor gaúcho

Em noite histórica, marcada por lágrimas e homenagens à Chapecoense, o Grêmio confirmou o favoritismo conquistado no jogo de ida e faturou o título da Copa do Brasil, nesta quarta-feira (7). Diante do público recorde da Arena Grêmio, com 55.337 torcedores, o time gaúcho empatou por 1 a 1 com o Atlético Mineiro e sustentou a vantagem obtida na primeira partida da final, com a vitória por 3 a 1, no Mineirão, em Belo Horizonte. Com o resultado, o time comandado por Renato Gaúcho se tornou o maior campeão da história da Copa do Brasil.

O troféu marca o fim de um longo e desagradável jejum de 15 anos no Grêmio. Superado com frequência pelo rival Internacional no Estadual, o time tricolor também vinha penando nas competições nacionais. Agora, põe fim à “fila” com seu quinto título da Copa do Brasil, superando o Cruzeiro, que tem quatro. O time gaúcho também venceu em 1989, 1994, 1997 e 2001.

A final desta quarta foi marcada pelas homenagens à Chapecoense. Os dois times entraram em campo com o escudo do time catarinense no uniforme, assim como o árbitro e os auxiliares, que até vestiram verde. A bola do jogo também teve o escudo em memória dos jogadores e integrantes do clube que foram vítimas do acidente aéreo da semana passada, que causou a morte de 71 pessoas, perto de Medellín, na Colômbia.

Na arquibancada, a torcida gremista abriu a camisa gigante que os torcedores da equipe de Santa Catarina levava aos jogos na Arena Condá. O momento mais emocionante da homenagem aconteceu no minuto de silêncio, com toque militar. Um videoclipe com imagens da Chapecoense foi exibido nos telões, sem som.

Os jogadores ficaram abraçados no centro do gramado, com a presença de membros da imprensa, representando os jornalistas mortos na tragédia. O goleiro Victor era o mais emocionado, assim como muitos torcedores nas arquibancadas.

O Jogo

Depois da dura derrota na ida, que até custou o emprego do técnico Marcelo Oliveira, o Atlético entrou em campo com seu já tradicional trio de volantes. Rafael Carioca voltou ao time após cumprir suspensão na partida disputada no Mineirão, jogando ao lado de Júnior Urso e Leandro Donizete – parte da torcida culpou a ausência do trio pelo revés no primeiro jogo.

Com o trio de volta e de técnico novo, o Atlético se mostrava visivelmente mais bem organizado em campo nesta quarta. Sem lembrar a oscilação da ida, o que lhe custou três gols, o time mineiro buscava o ataque com naturalidade nos primeiros minutos, enquanto o Grêmio adotava postura mais cautelosa, esperando o rival em seu campo de defesa.

Mesmo recuado, o time da casa levou sustos no início do jogo. Foram três finalizações seguidas do Atlético à direita do gol de Marcelo Grohe antes dos 13 minutos de jogo. A equipe mineira tentava impor pressão, mas logo o Grêmio descolava rápido ataque e freava o ímpeto atleticano.

No primeiro tempo, o duelo se concentrou no meio-campo, com forte marcação e até jogadas mais duras de ambos os lados. Aos poucos, o Grêmio passou a anular com facilidade as investidas do Atlético pelo meio da área e começou a levar maior perigo no ataque. Foram suas as melhores chances da etapa inicial.

Aos 21, Maicon finalizou de longe e a bola desviou no meio do caminho, quase surpreendendo Victor. Everton, substituto de Pedro Rocha, expulso no jogo de ida, também arriscou de longe, aos 35. O goleiro atleticano pegou com tranquilidade.

A melhor oportunidade da etapa aconteceu aos 40. Em lance inesperado, Douglas deu passe de calcanhar e lançou Everton cara a cara com Victor. O gremista, porém, bateu em cima do goleiro e desperdiçou chance incrível.

Para o segundo tempo, o Atlético voltou com uma mudança visando uma atuação mais ofensiva. O interino Diogo Giacomini trocou Júnior Urso por Maicosuel. Minutos depois, sacaria Leandro Donizete para a entrada de Cazares. Não por acaso. O Atlético seguia neutralizado pela defesa gremista, com poucas opções para tentar surpreender a zaga anfitriã.

Na primeira metade do segundo tempo, era o Grêmio quem tinha a melhor oportunidade de gol, com Douglas, em cobrança de falta, aos 12 minutos. Enquanto isso, o Atlético continuava com a missão de marcar ao menos dois gols para levar o duelo para os pênaltis.

O cronômetro rodava e o time mineiro não esboçava jogadas mais agudas no ataque. Parava rapidamente na bem postada defesa gremista. Lucas Pratto atuava menos adiantado, sem sucesso, enquanto Robinho insistia pelo meio, sendo neutralizado com facilidade. Cazares exibia pouco ritmo de jogo e não conseguia penetrar na defesa.

Do outro lado, o Grêmio exibia maior eficiência no ataque, como fez no jogo de ida. E, num ataque fulminante, decidiu o jogo, as finais e o campeonato. Aos 43, Everton disparou pela esquerda até a linha de fundo e cruzou rasteiro para a pequena área. Bolãnos, que acabara de entrar em campo, só escorou para as redes e praticamente comemorou o título.

A festa só não foi completa porque Cazares acertou lindo e improvável chute de antes do meio de campo, aos 46 minutos. A bola morreu no fundo das redes, decretando o empate, que não foi o suficiente para evitar o título gremista.

Antes do apito final, jogadores dos dois times se estranharam junto à lateral do campo, sem maiores consequências. Mas, com o fim da partida, atletas voltaram a se desentender e um clima de tensão quase estragou a festa dos gremistas no campo. Logo jogadores foram afastados e jogadores, comissão técnica e o técnico Renato Gaúcho, ao lado da filha Carol Portaluppi, celebraram o troféu no gramado.

Fim do Jejum

O técnico Renato Gaúcho e os jogadores do Grêmio não esconderam o alívio pelo título da Copa do Brasil que encerrou um jejum de 15 anos sem conquistas pelo time gaúcho.

“É um título muito importante pelo momento, pelo que a torcida estava passando, há muito tempo sem ganhar um título. Nossa torcida estava com esse grito engasgado na garganta”, celebrou o treinador. “Estou feliz por fazer parte desse grupo maravilhoso. É um presente de Natal e de Ano Novo para os torcedores.”

Emocionado, o treinador celebrou o fato de estar à frente do time em seu primeiro título conquistado na Arena Grêmio. “Eu não tenho palavras, todo mundo sabe do carinho que tenho pelo clube, que sou gremista. É muito bom comemorar o primeiro título na arena, e depois de 15 anos.”

Uma das referências da equipe em campo, o meia Douglas também celebrou o fim do jejum. “Sabíamos da pressão que existia, é o primeiro título na Arena. Que o torcedor possa aproveitar”, declarou o jogador.

“É um sentimento único depois de tanto tempo, de tantos adversários. A torcida estava hpa 15 anos sem um título. E, agora no finalzinho do ano, conseguimos essa conquista. A torcida merece, tira lá esse grito de ‘o campeão voltou’ da garganta”, festejou o goleiro Marcelo Grohe.

Ficha Técnica

GRÊMIO – Marcelo Grohe; Edílson, Pedro Geromel, Kannemann e Marcelo Oliveira; Walace, Maicon, Ramiro (Jailson), Douglas (Bolaños) e Everton (Fred); Luan. Técnico: Renato Gaúcho.

ATLÉTICO-MG – Victor; Marcos Rocha, Erazo, Gabriel e Fábio Santos; Leandro Donizete (Cazares), Júnior Urso (Maicosuel), Rafael Carioca; Luan (Lucas Cândido), Robinho e Lucas Pratto. Técnico: Diogo Giacomini (interino).

GOLS – Bolaños, aos 43, e Cazares, aos 46 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS – Erazo, Fábio Santos, Marcelo Grohe, Bolaños.

ÁRBITRO – Luiz Flávio de Oliveira (Fifa/SP).

RENDA – R$ 5.105.964,00

PÚBLICO – 52.233 pagantes (55.337 no total).

LOCAL – Arena Grêmio, em Porto Alegre (RS).

8 dez 2016, às 00h00.
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